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Pelotas, RS, Brazil
Atriz, aventurando em produções artísticas independentes e dependentes. Bacharel em Interpretação Teatral (UFSM). Professora de Séries Iniciais (Magistério). Gestora Geral do Teatro do Chapéu Azul - Realizações culturais. Idealizadora do PIQUENIQUE CULTURAL e do FESTIVAL DE INVERNO DE PELOTAS. Há também o CENARUA - festival de Artes Cênicas na Rua em parceria com a Dalida Artísticas Produções.Estudou Desenho Industrial e Vestuário - não se formou, mas aprendeu bastante. Aprendiz de cartomancia, astrologia, numerologia e algumas outras "ias". Fala demais. Ri e chora quando necessário. Não se conforma com algumas coisas no mundo. Já tentou se envolver em política, religião e futebol. Cozinha bem. Gosta de beijos longos e abraços quentes. Nunca saiu do Brasil, mas quer dar umas voltinhas. Pouco saiu do RS. Morou 9 anos em Santa Maria/RS. Gosta de escrever e cantar. É filha única. O ócio a interessa também.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

O ursinho carinhoso que não comia batata frita

Eu não entendo nada de música estrangeira. E, a bem da verdade, não procuro entender. Nunca pergunto nome de banda ou cantor. Não sei quem está fazendo sucesso atualmente. Não sei nada.
Essa falta de interesse talvez seja reflexo da minha formação musical.

Devo muito dela a minha tia-madrinha. Durante toda a infância ouvi muita música brasileira: Maria Bethânia, Roberto Carlos, Nelson Gonçalves, Chico Buarque, Gil, Caetano Veloso e mais uma porrada de gente legal... Muito chorinho, samba, violão e dor-de-cotovelo.

Tudo isso é muito lindo, mas não posso deixar de registrar aqui o disco que mais povoou minha imaginação infantil. É um disco de Jair Rodrigues, com regravações maravilhosas. Chama-se Carinhoso - As mais belas canções românticas brasileiras (1983). Era da minha tia. Quando ela foi pra São Paulo, há 20 anos, levou consigo. Há uns dois anos achei um vinil num sebo. Custou R$ 2,00. Baratíssimo, embora nem todo o dinheiro do mundo pudesse pagar o que ele significou na minha vida. É um disco muito bacana! O encarte com as letras das músicas é um caso de amor a parte. Abaixo de cada título, um breve resumo da história daquela música.

Bem, todo esse blablablá em torno do tal disco é que com ele conheci músicas maravilhosas que tenho prazer de ouvir e cantar até hoje - como a canção-título, Carinhoso. Vingança, Canção de amor, Cadeira Vazia, Cabelos Brancos, Molambo, Último desejo... são eternos exemplos de música boa. No entanto, a mais-mais pra mim era, na época, Ronda.

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Quando eu tinha uns cinco anos, minha mãe costumava ir a uma lancheria que tinha música ao vivo. Lá, imagino eu, reunia-se quem deixava o trabalho no fim da tarde.

E dê-lhe teclado! O pessoal conversava e o cara se estribuchava cantando sucessos populares da época (tipo o que tocava no rádio mesmo, nada experimental ou virtuosístico pelo que me lembro). E o que eu fazia lá? Bem, minha mãe é solteira. E ali era o lugar apropriado para conhecer outras pessoas e bater papo com os amigos. Eu tinha que ir junto, pois ela me buscava no colégio e não tinha com quem me deixar. Era um bar familiar, eu conhecia todo mundo, conversava em todas as mesas, totalmente enturmada...

Lembro do dia que o cantor disse: "Esta eu vou oferecer pra uma amiguinha minha que me acompanha em todas as músicas!" (Eu ficava cantando lá da mesa...) e tascou Superfantástico, do Balão Mágico, um mega sucesso do momento.

Não deu outra, fui lá no cara e pedi pra cantar também, no microfone, claro. A música que eu escolhi foi "Ronda". A partir desse dia, cantava sempre. E só esse tipo de música, música de adulto mesmo, principalmente as dos discos que eu tinha em casa.

Comi muita batata frita às custas dos bebuns que achavam a coisa mais linda um toco de gente cantando "cena de sangue num bar da avenida São João". Eu adorava tudo aquilo, conversava com todo mundo, passeava por tudo lá dentro.

Até aí, tudo bem. Música velha era comigo mesmo, o pessoal pedia e eu cantava, tinha gente que ia no bar só pra me ver. Verdade!

Tudo mudou quando resolvi ampliar meu repertório, incluindo um clássico do Balão Mágico: Ursinho Pimpão. Estava lá, microfone na mão, a platéia me olhando e então, pra surpresa de todo mundo... esqueci a porra da letra da música.


Nunca mais cantei em público na vida!

Nunca mais esqueci como me senti naquele momento!

Nunca mais comi batata frita de graça!


PS: Fiquei triste por não ter conseguido as gravações do próprio Jair, mas continuarei procurando e edito na sequência, se for o caso.
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Pra começar a entender:
Pra ouvir:

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