- Aline Maciel
- Pelotas, RS, Brazil
- Atriz, aventurando em produções artísticas independentes e dependentes. Bacharel em Interpretação Teatral (UFSM). Professora de Séries Iniciais (Magistério). Gestora Geral do Teatro do Chapéu Azul - Realizações culturais. Idealizadora do PIQUENIQUE CULTURAL e do FESTIVAL DE INVERNO DE PELOTAS. Há também o CENARUA - festival de Artes Cênicas na Rua em parceria com a Dalida Artísticas Produções.Estudou Desenho Industrial e Vestuário - não se formou, mas aprendeu bastante. Aprendiz de cartomancia, astrologia, numerologia e algumas outras "ias". Fala demais. Ri e chora quando necessário. Não se conforma com algumas coisas no mundo. Já tentou se envolver em política, religião e futebol. Cozinha bem. Gosta de beijos longos e abraços quentes. Nunca saiu do Brasil, mas quer dar umas voltinhas. Pouco saiu do RS. Morou 9 anos em Santa Maria/RS. Gosta de escrever e cantar. É filha única. O ócio a interessa também.
quinta-feira, 13 de março de 2008
A cigana leu o meu destino
Mas sempre amei toda a movimentação, o brilho, a festa em si. Sempre freqüentei quadra, desfile, ensaio, batuques em geral.
Sim, está deturpado. Sim, perdeu muito de seu brilho, do que seria o “popular” de verdade. Mas o que der para salvar, salvemos. Porque ainda dá tempo. Ainda é tempo. E se pensarmos bem, ainda tem muito do que era...
Já leu Cultura popular na Idade Média e no Renascimento, do Bakhtin?. Vale a pena. E dá pra se ter uma idéia do que ainda sobrou daquilo tudo. Uma abordagem mais precisa do papel do carnaval na sociedade brasileira é Carnavais, malandros e heróis, do Roberto da Matta. A discussão é mais próxima da nossa realidade.
É preciso levar em conta as manifestações anteriores ao cristianismo existentes em várias partes do mundo, todas ligadas ao aspecto fundamental da existência humana: viver e viver bem. Comer e beber. Procriar. Renovar-se. Ter prazer depois do trabalho duro. E desse prazer tirar forças para recomeçar o trabalho. Para de novo poder parar de trabalhar e agradecer aos deuses comendo, bebendo e trepando muito. Basicamente isso... É que essa é uma história tão grande que eu deveria criar um brog só para discuti-la - se fosse o caso, mas não é.
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De qualquer forma, falar do carnaval me deixou feliz e motivada, ouvindo lá no fundo de mim duas músicas que se completam e que fazem parte da minha história carnavalesca: É hoje e O amanhã.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
A morte do cão
Para pagar o tratamento, cada membro da família economiza em algumas coisas. A cirurgia é feita e o cachorro fica curado.
E ele foge.
Com a fuga do cachorro, os Simpsons se dão conta da falta que ele faz na família e decidem procurá-lo.
E era linda mesmo! Viveu quase 15 anos e sua morte foi como se um buraco negro se abrisse na minha frente. Só me conformei porque ela estava velhinha. O ápice de sua doença cancerígena foi terrível. Em um mês ela definhou e na sua última noite ficava parada em frente a uma parede olhando pro nada. Dramático.
Não, ele não tinha levado cachorro nenhum. E eu chorei mais ainda. Na frente do cara, no ônibus de volta pra casa, na frente das minhas colegas, das professoras, do mundo inteiro, enfim.
No outro dia, fomos atrás - ela também estava com saudades.
Resumo: não encontramos. E olha que eu gritei na rua, bati em casas... NADA!
Voltei desalmada. Um buraco no peito, no cérebro, no cu, em tudo. Eu era um buraco ambulante.
Estou eu bem bela na janela do meu apartamento quando passa um mandinho vizinho meu. Ele grita:
- Ô Aline, o que a Linda tá fazendo lá no Obelisco?
Quase caí dura, quase voei pela janela, não conseguia raciocinar. Obelisco era o bairro onde eu a havia procurado sem sucesso.
Cheguei no lugar, meu coração saltando pela boca. Gritei, gritei chamando e NADA! O lugar descrito pelo piá conferia. Cadê ela?
A mulher ficou assustada. Eu só dizia: Vim buscar minha cachorra.
Nem perguntava nada pra mulher: era ELA e ela era minha e eu dela e pronto!
A mulher rapidamente concordou em me devolver a cachorra. E eu me fui, feliz. Eu voei!
Depois de umas quatro horas sacolejando no 147, finalmente chegamos.
Melhor: no bar que ficava embaixo do meu apartamento (eu morava numa Cohab, a pior da cidade, o temido Pestano - hehehe).
Mas não muito, porque, como diz a Marge no desenho: Existe o céu dos cachorros.
PS. Eu avisei que falava pra caralho!
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Ô abre-alas
Sim, recém hoje criei coragem para divulgar realmente o meu brog. Ou seja, abri-lo aos demais. Publicar no orkut, por exemplo.
(Usarei o termo "brog" ao invés de "blog". Para dar um tom mais caipira, mais brasileiro mesmo. Que bobagem...)Já haviam me dito que ter um brog era ter um carrasco no seu pé todo o tempo. Achei um exagero. De certa forma, consigo compreender agora o que isso quer dizer.
Já expus aqui minhas inseguranças em relação ao "que" e ao "como" escrever aqui.
Mandei todas às favas.
Minhas listas estão incompletas: links, discos, livros... Tudo em construção.
Vou indo... Construindo e destruindo. Escrevo, apago, me torturo por não saber mexer direito nisso ainda...
sábado, 16 de fevereiro de 2008
O ursinho carinhoso que não comia batata frita
Eu não entendo nada de música estrangeira. E, a bem da verdade, não procuro entender. Nunca pergunto nome de banda ou cantor. Não sei quem está fazendo sucesso atualmente. Não sei nada.
Essa falta de interesse talvez seja reflexo da minha formação musical.
Devo muito dela a minha tia-madrinha. Durante toda a infância ouvi muita música brasileira: Maria Bethânia, Roberto Carlos, Nelson Gonçalves, Chico Buarque, Gil, Caetano Veloso e mais uma porrada de gente legal... Muito chorinho, samba, violão e dor-de-cotovelo.
Tudo isso é muito lindo, mas não posso deixar de registrar aqui o disco que mais povoou minha imaginação infantil. É um disco de Jair Rodrigues, com regravações maravilhosas. Chama-se Carinhoso - As mais belas canções românticas brasileiras (1983). Era da minha tia. Quando ela foi pra São Paulo, há 20 anos, levou consigo. Há uns dois anos achei um vinil num sebo. Custou R$ 2,00. Baratíssimo, embora nem todo o dinheiro do mundo pudesse pagar o que ele significou na minha vida. É um disco muito bacana! O encarte com as letras das músicas é um caso de amor a parte. Abaixo de cada título, um breve resumo da história daquela música.
Bem, todo esse blablablá em torno do tal disco é que com ele conheci músicas maravilhosas que tenho prazer de ouvir e cantar até hoje - como a canção-título, Carinhoso. Vingança, Canção de amor, Cadeira Vazia, Cabelos Brancos, Molambo, Último desejo... são eternos exemplos de música boa. No entanto, a mais-mais pra mim era, na época, Ronda.
E dê-lhe teclado! O pessoal conversava e o cara se estribuchava cantando sucessos populares da época (tipo o que tocava no rádio mesmo, nada experimental ou virtuosístico pelo que me lembro). E o que eu fazia lá? Bem, minha mãe é solteira. E ali era o lugar apropriado para conhecer outras pessoas e bater papo com os amigos. Eu tinha que ir junto, pois ela me buscava no colégio e não tinha com quem me deixar. Era um bar familiar, eu conhecia todo mundo, conversava em todas as mesas, totalmente enturmada...
Lembro do dia que o cantor disse: "Esta eu vou oferecer pra uma amiguinha minha que me acompanha em todas as músicas!" (Eu ficava cantando lá da mesa...) e tascou Superfantástico, do Balão Mágico, um mega sucesso do momento.
Não deu outra, fui lá no cara e pedi pra cantar também, no microfone, claro. A música que eu escolhi foi "Ronda". A partir desse dia, cantava sempre. E só esse tipo de música, música de adulto mesmo, principalmente as dos discos que eu tinha em casa.
Comi muita batata frita às custas dos bebuns que achavam a coisa mais linda um toco de gente cantando "cena de sangue num bar da avenida São João". Eu adorava tudo aquilo, conversava com todo mundo, passeava por tudo lá dentro.
Até aí, tudo bem. Música velha era comigo mesmo, o pessoal pedia e eu cantava, tinha gente que ia no bar só pra me ver. Verdade!
Tudo mudou quando resolvi ampliar meu repertório, incluindo um clássico do Balão Mágico: Ursinho Pimpão. Estava lá, microfone na mão, a platéia me olhando e então, pra surpresa de todo mundo... esqueci a porra da letra da música.
PS: Fiquei triste por não ter conseguido as gravações do próprio Jair, mas continuarei procurando e edito na sequência, se for o caso.
Não diga que não avisei
Ainda assim, caso alguém lesse, receava ser linchada pública ou virtualmente. Ou pior: criar um séquito de seguidores que não me dariam paz nem para ir ao banheiro. (Isso é que é se achar importante!)
Enfim, resolvi começar a abrir meu baú - que às vezes parece mais um papa-entulho. Nele eu não encontrei nenhuma verdade imutável. Nada de definitivo. Vou me permitir divagar sobre o que quiser, quando e pelo motivo que me interessar... Sim, nada de utilidade pública, não: apenas satisfação pessoal.
Se gostas de cachorros, poesias, teatro, dor-de-cotovelo, música brasileira, filmes bestas, livros, novela, gibi, quadrinhos, grandes personalidades da história mundial, sexo selvagem, samba, gays, brinquedos, cerveja, pintura, cultura de massa, tias, vinis, calendários, moedas antigas, televisão, festas, renúncias, incêndios, croquetes... Talvez eu escreva sobre isso um dia. Também posso fazer fofocas, destruir famílias ou simplesmente te fazer chorar por não ter uma versão impressa de tudo isso para usar no momento adequado após uma breve relaxada no banheiro mais próximo.
Pode ser que só escreva coisas que não interessem a ninguém (talvez nem a mim mesma): em outras palavras, só escreva merda mesmo... Ou desenvolva um novo método de interpretação de mundo que revolucionará a ciência, a filosofia, a antropologia, a tecnologia, a arte, a psicologia, a psiquiatria, a teologia e a culinária! E por isso receba um prêmio milionário!