Poemas de
amor são bem fáceis:
Saem aos
montes e sem esforços
Moldam
No papel, com
a caneta
Na tela, com
o teclado
Toda uma
série de desventuras
Ou felicidades
Normalmente,
dores
São mais
inspiradoras...
E se passar
do amor egoísta
Este que só
diz respeito a mim
Esse que ninguém
comigo divide
por desconhecer
ou por não
querer se
comprometer
Se passar a pensar
em como
as coisas
estão difíceis por aí
Que os
outros também tem suas dores
Seu salário
de merda
Suas dúvidas
entre os sonhos e as fomes
De comida,
teto, transporte, roupas
Se parar pra
pensar na crise do capitalismo
E tudo o que
teremos que passar pra chegar lá
Num
lugar-coisa-estado que nem sei se valerá
Se pensar
Na dura vivencia
do faminto
Do celibatário
Do doente
Do atormentado
Do televiciado
Do televisionado
Se eu parar
pra pensar
Que pessoas
vivem não pelas outras
Mas das
outras
Que a
exploração chegou a tal ponto
Que eu só
como se eu tenho
Que eu só
vivo se não for
Nada que
atrapalhe os planos
daqueles que
vivem de mim
Se eu parar
pra pensar nisso tudo
E escrever
sobre tudo
Não haveria
papel, tela, caneta, teclado
Não haveria
nada
Capaz de
comportar a dor.
Por isso que
digo
São mais
fáceis os poemas de amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário