ÓBVIO
(2000)
Para C.
Deixa de lado
Toda a problemática
Existencial
E não te abala
Com o óbvio.
Deixa que ele seja
Cada vez mais
Claro
E que eu
- sombra -
Vire luz
Deixa que o óbvio
Se estabeleça
E cresça
Com a intensidade
que o inevitável
Deve ter.
***
CARÍCIA
(2000)
Para C.
Acaricio teu nome
Nas folhas de papel.
Então, te escrevo,
te procuro...
Letra a letra
te gosto mais.
Acaricio teu rosto,
tua boca, tuas mãos,
teus cabelos...
És todo meu
quando escrevo
teu nome...
Rabisco novamente...
Deixo a caneta deslizar
(ela já sabe o que fazer!)
Vou acariciar teu nome
até clarear o dia.
***
LIMITES
(2001)
Para C.
E o que restou
Se nada se deu
Além dos limites
De uma manhã
Gelada e apagada
Pelo delírio de não se saber ou querer
Relacionar almas,
Mas somente corpos?
***
RESSURREIÇÃO
(2006)
Para R.
Por que morro nos teus olhos
Se só eles me ressuscitam?
***
EMBORA QUISESSE FICAR
(2007)
Para R.
Eu ficaria mais um pouco.
Mais uma hora.
Mais um dia.
Mas eu me fui.
Feliz, até. Feliz.
Sem pensar em nada
Além do que pensei
Durante todo o dia
e também em outros
e outros antes dele.
Eu me fui, eu voei
Pra qualquer lugar que
me impedisse de voltar,
pedir ou gritar.
Sempre falta alguma coisa.
Ah, gentes que não sossegam!
***
HÁ
(2009)
Para R.
Há qualquer coisa
nesse olho
nessa mão,
nesse toque
Qualquer coisa
que grita
coisas
Inaudivelmente
Gritantes.
Há no teu silêncio
O grito inaudível
Dos que
não se permitem
Qualquer coisa
que expresse
Qualquer coisa.
Há
e não diga que não
Nessa boca
apertada
A frase calada
Que quer expulsar
Ou trazer pra si.
Coisa indecisa
E imprecisa
O silêncio
O olho vago
A mão inquieta
Há.
Um comentário:
sou teu fã. quero mais.
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